Em nosso contexto social você acredita que as pessoas estão preparadas para lidar com crianças com autismo? Se você respondeu sim, ótimo. Mas, geralmente não é isso que infelizmente tenho presenciado. Quando entrevisto pais, converso com profissionais da educação, observo ao meu redor, percebo a desinformação sobre o assunto. Mesmo, com tantas possibilidades como, por exemplo, a variedade de cursos online disponíveis sobre o tema em questão.
Convido você a conferir as informações sobre o autismo, seus desafios e possibilidades. Então, vamos lá...
O que é autismo?
O Autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista, é um dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). As causas do Autismo ainda não são conhecidas, mas a pesquisa na área é cada vez mais intensa. São vários os fatores que levam ao autismo. Sabemos que a genética e os agentes externos podem desempenhar um papel importante nas causas do transtorno.
Por se tratar de um distúrbio com diferentes níveis de comprometimento, recebe o nome de “espectro autista”. E aprender sobre esse transtorno está cada vez mais fácil, seja na internet, em cursos presenciais ou com cursos online. Aqui no Educamundo, você encontra centenas de cursos adistância e muitos deles sobre os Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Os pacientes são diagnosticados apenas em graus de comprometimento. Dentre eles, há três considerados mais comuns. O primeiro refere-se à interação social, modo de se relacionar com outras pessoas e com o meio em que está inserido. A dificuldade na comunicação é considerado os segundo sintoma comum e o terceiro está relacionado à questão comportamental, em que se percebe ações repetitivas, por exemplo.
Importante dizer que há outros sintomas que podem se manifestar em crianças autistas, além dos citados acima. Temos como exemplo a visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensível e alteração emocional anormal quando há mudança na rotina. É preciso ficar claro que não necessariamente as crianças com autismo apresentam os mesmos sintomas.
Geralmente, as crianças, em geral apresentam os primeiros sinais de autismo logo no primeiro ano de vida. É fundamental estar alerta ao comportamento da criança. O autismo inclui um amplo espectro de sintomas, por isso, uma avaliação única e rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de diferentes especialistas (multidisciplinar) avalie a criança com suspeita de autismo.
Um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado melhora muito a perspectiva de crianças pequenas com o transtorno. A maioria dos Métodos Aplicados no Trabalho com Autistas aumentará os interesses da criança com uma programação altamente estruturada de atividades construtivas.
Alguns sinais importantes que podem indicar a presença de traços autistas
• O relacionamento com outras pessoas pode não despertar seu interesse;
• Age como se não escutasse;
• O contato visual com outras pessoas é ausente ou pouco frequente;
• A fala é usada com dificuldade, ou pode não ser usada;
• Tem dificuldade em compreender o que lhe é dito e também de se fazer
compreender;
• Palavras ou frases podem ser repetidas no lugar da linguagem comum
(ecolalia);
• Movimentos repetitivos (estereotipias) podem aparecer;
• As pessoas podem ser utilizadas como meio para alcançar o que quer;
• Pode não demonstrar envolvimento afetivo com outras pessoas;
• Pode ser resistente a mudanças em sua rotina;
• O que acontece a sua volta pode não despertar seu interesse;
• Parece preferir ficar sozinho;
• Pode se apegar a determinados objetos;
• Crises de agressividade podem acontecer.
Autismo infantil tem remédio ou tratamento?
Não há medicamentos específicos para o autismo, mas remédios podem ser receitados quando há outra doença associada ao autismo. Há várias opções de tratamentos, que devem ser realizados sempre por equipes multidisciplinares. Os diferentes métodos terapêuticos podem ser usados sozinhos ou em conjunto. Um método pode trazer resultados positivos para uma criança, mas não para outra. Cada caso é único, mesmo havendo possíveis semelhanças.
O tratamento também deve considerar sempre a criança como um todo: seus sentimentos, seus comportamentos, sua relação com os outros na família, na escola, na comunidade etc. A maioria dos estudiosos afirma que o autismo não tem cura, pois mesmo quando há um ótimo desenvolvimento suas características permanecem por toda a vida.
Portanto, já existem tratamentos que podem levar a criança a um excelente desenvolvimento e a uma melhor qualidade de vida, ainda mais quando são realizadas intervenções precoces. Um exemplo isso são as intervenções da terapia ABA, que trabalha o comportamento do autista com o objetivo de lhe proporcionar uma melhor qualidade de vida.
Os pais também precisam de ajuda?
Entendemos que não é fácil para os pais que têm filhos com autismo enfrentarem essa situação, principalmente quando recebem o diagnóstico. Nos momentos difíceis, orientações de um profissional qualificado podem ajudar muito. Os pais também podem contar com a ajuda de pessoas próximas ou que tenham experiência com situações semelhantes. O importante é que essas pessoas saibam compreender estes pais, acolhendo-os da melhor forma, sem críticas ou julgamentos.
A psicoterapia, bem como outras formas de acompanhamento terapêutico podem ser indicadas para auxiliar os pais na compreensão do que está acontecendo e do que estão sentindo, inclusive acolhendo sentimentos comuns, como negação, raiva, rejeição, culpa, frustração, ressentimento etc. Quando os pais estão bem eles podem ajudar ainda mais seus filhos.
Autismo infantil e educação escolar: superando desafios
Sabemos que nenhuma instituição de ensino poderá recusar a matrícula de um aluno com autismo. Então vai a minha pergunta: elas estão preparadas para receber de forma qualitativa estes alunos?
Parece óbvio dizer que cada criança é única e que cada caso é um caso. Mas, não é o que presenciamos em muitas escolas. As crianças são tratadas da mesma maneira. Nestes casos, como fica o respeito da individualidade de cada criança e se tratando do autismo infantil?
São muitos fatores que interferem na qualidade do atendimento oferecido às crianças com o transtorno e pude constatar em instituições de ensino um não preparo da equipe para lidar com a situação. O educador necessita esclarecer suas dúvidas, se aperfeiçoar cada vez mais para se sentir seguro diante de suas práticas pedagógicas.
7 Tópicos que podem ajudar crianças autistas no ambiente escolar:
- Deve ser tratado sem privilégios, mas sim com respeito às suas necessidades.
- Procure identificar o que causa desconforto e tente substituir.
- Rotina é muito importante. Informe à criança sempre que houver mudança.
- Tente evitar as frustrações.
- Insira estímulos visuais com moderação.
- Estimule os 5 sentidos, principalmente a visão.
- Dose o tempo das atividades para garantir a atenção e qualidade de aprendizagem.
Sei que não é uma tarefa fácil, mas seja persistente e principalmente amoroso com o seu aluno. Tudo que fazemos para nossos alunos, muitas vezes pode parecer ineficaz, mas, com certeza e experiência própria deixará uma marca positiva no processo de ensino e aprendizagem de cada um deles.
É muito importante que, novas pesquisas sejam realizadas com o objetivo de melhorar, cada vez mais, o nosso conhecimento sobre crianças autistas e que num futuro próximo tenhamos a condição de tratar e educar de forma mais efetiva nossos alunos, conscientizando das melhores estratégias pedagógicas e ampliando nosso conhecimento sobre os processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento.
Desmistificando o autismo
Você já ouviu alguém dizer que os autistas são gênios da Matemática? Esta é uma imagem distorcida apresentada em filmes. Na realidade existe uma parcela pequena de autistas com habilidades denominadas de ‘alto desempenho.’
Autistas de alto desempenho apresentam habilidades consideradas extraordinárias que geralmente não são encontradas na maioria das pessoas, como por exemplo, cálculo matemática, uma memória surpreendente, habilidades artísticas e musicais. Ainda é desconhecida a razão pelo qual alguns autistas apresentam estas habilidades. Assim como as pessoas normais, eles tem variações de inteligência se comparados um ao outro.
Outro mito comum refere-se à crença que os autistas têm mundo próprio. Na verdade eles têm dificuldades de comunicação.
Também fala-se que o autista não gosta de carinho, o que acontece é que alguns têm dificuldades com relação a sensação tátil, podem sentir-se sufocados com um abraço por exemplo. É indicado ir aos poucos e também avisar antes que vai abraça-los. Com o tempo esta fase será dispensada. O carinho faz bem para eles como faz para nós.
Certa vez ouvi uma pessoa dizer que os autistas são assim por causa da mãe ou porque não são amados. Quero lembrar que este é um distúrbio neurológico e pode acontecer em qualquer família, religião, país, etc. Logo, a teoria da mãe geladeira que foi criada no início do século, por falta de conhecimentos, não faz o menor sentido!
Dizer que o autista não entende o que está acontecendo pode ser um equívoco, uma vez que nossa medida de entendimento, na maioria das vezes, se dá pela fala e como eles têm um comprometimento na fala acredita-se que não está entendendo. Eles podem estar entendendo sim.
O autista grita, esperneia porque é mal educado? Esta é uma pergunta comum por parte de muitas pessoas que presenciam situações desta natureza. Como o autista não consegue se comunicar, tem medos, dificuldades com o novo, prefere a segurança da rotina. Sendo assim, diante de uma situação nova usam o que sabem melhor, ou seja, gritar e espernear. Na maioria das vezes, há um constrangimento, principalmente por parte dos pais, preocupados com o que as pessoas vão pensar. Tente não ligar para os olhares dos outros. Não bata na criança, isto não ajudará em nada, nem a você e nem a ela. Diga com firmeza que precisa ir embora, por exemplo, e mantenha-se firme por fora, por mais difícil que seja. Esta fase passa, eles precisarão sentir a firmeza do outro.
Então, viu quantos mitos? E eles não acabaram, apresentei apenas uma amostra de situações que acontecem com frequência. Mais uma vez afirmo a importância do conhecimento sobre este assunto. Sendo assim, convido você a conhecer os cursos sobre autismo do Educamundo: Curso Online Autismo, Curso Online Transtornos Globais do Desenvolvimento e Curso Online Métodos Aplicados no Trabalho com Autistas. Tenho certeza que você será um diferencial onde quer que esteja.
Saiba os direitos da pessoa com autismo
Nos termos da Lei 12.764/12 (Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista), “podemos conceituar o transtorno do espectro autista como uma de síndrome clínica caracterizada por uma deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação social, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social, padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns”.
Segundo esta lei, a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
As pessoas portadoras do TEA (Transtorno do Espectro Autista) têm seus direitos, previstos na Constituição Federal em vigor, bem como alguns direitos contidos em leis específicas.
Podemos citar algumas leis específicas para pessoas com algum tipo de deficiência, como por exemplo:
• Lei 7.853/89 (Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, garantindo o tratamento adequado em estabelecimentos de saúde públicos e privados específicos para a sua patologia)
• Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS)
• Lei 8.899/94 (Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual)
• Lei 10.048/00 (Dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência)
• Lei 10.098/00 (Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida)
• Lei 12.764/12 (Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista)
De acordo com o artigo 3º da Lei 12.764/12:
São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV - o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
É de grande importância estar por dentro dos direitos das pessoas com autismo. Somente assim, poderemos colaborar para que estes direitos sejam, de fato, garantidos.
Agora que de fato você sabe o que é autismo, já deu o primeiro passo, o próximo será iniciar o curso online Autismo. Além do conhecimento, e de ajudar as pessoas, você se capacita e pode dar uma guinada na sua carreira.